domingo, 19 de junho de 2011

Orixá Xapanã

 De origem Jeje, é o deus da varíola, da peste, das doenças da pele e hoje em dia da Aids. xapana, tem duas   manifestações velho(sapatá) e jovem de um mesmo Orixá, chamado Xapanã. Suas cores são o vermelho e  preto, que veste sob capuz de palha-da-costa enfeitado com búzios. Seus colares são também de contas vermelha e preta   Dança portando um instrumento denominado Xaxará, espécie de cetro. Homenageado  Sua saudação é Abao! seu dia da semana é quarta feira.
Lenda: Houve uma festa e todos os Orixás estavam presentes. Menos xapana que ficara do lado de fora. Ogum pergunta por que o irmão não vem e Nanã responde que é por vergonha de suas feridas causadas pelas doenças. Ogum resolve ajudá-lo e o leva até a floresta onde tece para ele uma roupa de palha que lhe cobre o corpo todo. O filá! Mas a ajuda não dá muito certo, pois muitos viram o que Ogum fizera e continuavam a ter nojo de dançar com o jovem Orixá, menos Iansã, altiva e corajosa, dança com ele e com eles o vento de Iansã que levanta a palha e para espanto de todos, revela um homem lindo, sem defeito algum.
Todos os Orixás presentes, ficam estupefatos com aquela beleza, principalmente Oxum, que se enche de inveja, mas agora é tarde, xapana não quer mais dançar com ninguém.
Em recompensa pelo gesto de Iansã, xapana dá a ela o poder de também reinar sobre os mortos. Mas daquele dia em diante, xapana  declarou que somente dançaria sozinho!
Saudação:Abao!
Número: 09 e seus múltiplos
Cor: Vermelho e preto
Guia: vermelha e preta
Oferendas: pipoca, feijão torrado, amendoim torrado, milho torrado
Ferramentas: vassoura de guanchuma,de carqueja miuda, cachimbo, favas porongo, pimenta da costa e palha da costa.
Dia: Quarta-feira
Aves: Galo Osco vermelho e preto
Quatro-Pés: Cabrito Osco

Ossain dá uma folha a cada Orixá

Ossaim, filho de Nana e irmão de Oxumarê, Ewa e Obaluaê, era o senhor da folhas, da ciência e das ervas, o orixá que conhece o segredo da cura e o mistério da vida. Todos o orixás recorriam a Ossaim para curar qualquer moléstia, qualquer mal do corpo. Todos dependiam de Ossaim na luta contra a doença. Todos iam à casa de Ossaim oferecer seus sacrifícios. Em troca Ossaim lhes dava preparados mágicos: banhos, chás, infusões, pomadas, abo, beberagens. Curava as dores, as feridas, os sangramentos; as desinteiras, os inchaços e fraturas; curava as pestes, febres, órgãos corrompidos; limpava a pele purulenta e o sangue pisado; livrava o corpo de todos os males.
Um dia Xangô, que era o deus da justiça, julgou que todo os orixás deveriam compartilhar o poder de Ossaim, conhecendo o segredo das ervas e o dom da cura. Xangô sentenciou que Ossaim dividisse suas folhas com os outros orixás. Mas Ossaim negou-se dividir suas folhas com os outros orixás. Xangô então ordenou que Iansã soltasse o vento e trouxesse ao seu palácio todas as folhas das matas de Ossaim par que fossem distribuídas ao orixás. Iansã fez o que Xangô determinara. Gerou um furacão que derrubou as folhas das plantas e as arrastou pelo ar em direção ao palácio de Xangô. Ossaim percebeu o que estava acontecendo e gritou: ”Euê uassá!” “As folhas funcionam!”
Ossaim ordenou que as folhas voltassem às suas matas e as folhas obedeceram às ordens de Ossaim. Quase todas as folhas retornaram para Ossaim. As que já estavam em poder de Xangô perderam o axé, perderam o poder de cura.
O orixá-rei, que era um orixá justo, admitiu a vitória de Ossaim. Entendeu que o poder das folhas devia ser exclusivo de Ossaim e que assim devia permanecer através dos séculos. Ossaim, contudo, deu uma folha a cada orixá, deu uma euê pra cada um deles. Cada folha com seus axés e seus ofós, que são as cantigas de encantamento, sem as quais a folhas não funcionam. Ossaim distribuiu as folhas aos orixás para que eles não mais o invejassem. Eles também podiam realizar proezas com as ervas, mas os segredos mais profundos ele guardou para si.
Ossaim não conta seus segredos para ninguém, Ossaim nem mesmo fala. Fala por ele seu criado Aroni. Os orixás ficaram gratos a Ossaim e sempre o reverenciam quando usam as folhas.

Oxum exige a filha do rei em sacrifício







Certa vez, o rei de Oloú, precisava atravessar o rio onde vivia Oxum, o rio naquele dia se encontrava enfurecido e os exércitos do rei não podiam passar pelas traiçoeiras correntezas.
Oloú fez um pacto com Oxum para que baixasse o nível das águas, em troca lhe oferecia um bela prenda, Oxum entendeu que Oloú estava prometendo Prenda Bela.
Prenda Bela era o nome da mulher de Oloú, filha dileta do rei de Ibadã. Oxum baixou o nível das águas e Oloú passou com seu exército. Oloú jogou no rio a bela prenda: uma grande oferenda com as melhores comidas e bebidas, os mais finos tecidos, jóias luxuosas e raros perfumes, correntes de ouro puro, banhos preciosos.
Tudo foi devolvido para as areias das margens de Oxum, Oxum só queria Prenda Bela, a princesa. Tempos depois, Oloú retornou vitorioso de sua expedição e, ao chegar ao rio, este novamente estava turbulento, o rei ofereceu de novo o mesmo que ofertara antes: uma bela prenda com as melhores comidas e bebidas os mais finos tecidos, jóias luxuosas e raros perfumes, correntes de ouro puro, banhos preciosos.
Oxum recusou o oferecido, tudo foi devolvido à praia, intocado, ela queria Prenda Bela, a esposa de Oloú, que estava grávida, contrariado, mas sem ter outra saída, Oloú lançou ao rio sua indefesa e grávida consorte, ao ser lançada às águas revoltas, Prenda Bela deu à luz uma criança, Oxum devolveu a criança; era somente Prenda Bela que ela queria.
Oloú seguiu seu caminho, retornando muito triste a seu reino, o rei Ibadã logo foi informado do fim trágico da filha, declarou guerra a Oloú, venceu-o e o expulsou para sempre do país.




Oxum Apará tem inveja de Oiá



Vivia Oxum no palácio em Ijimu, passava os dias no seu quarto olhando seus espelhos, eram conchas polidas onde apreciava sua imagem bela.
Um dia saiu Oxum do quarto e deixou a porta aberta, sua irmã Oiá entrou no aposento, extasiou-se com aquele mundo de espelhos, viu-se neles.
As conchas fizeram espantosa revelação a Oiá, ela era linda! A mais bela! A mais bonita de todas as mulheres! Oiá descobriu sua beleza nos espelhos de Oxum, Oiá se encantou, mas também se assustou: era ela mais bonita que Oxum, a Bela.
Tão feliz ficou que contou do seu achado a todo mundo, e Oxum Apará remoeu amarga inveja, já não era a mais bonita das mulheres, vingou-se.
Um dia foi à casa de Egungum e lhe roubou o espelho, o espelho que só mostra a morte, a imagem horrível de tudo o que é feio, pôs o espelho do Espectro no quarto de Oiá e esperou, Oiá entrou no quarto, deu-se conta do objeto, Oxum trancou Oiá pelo lado de fora, Oiá olhou no espelho e se desesperou.
Tentou fugir, impossível, estava presa com sua terrível imagem, correu pelo quarto em desespero, atirou-se no chão, bateu a cabeça nas paredes, não logrou escapar nem do quarto nem da visão tenebrosa da feiúra. Oiá enlouqueceu, Oiá deixou este mundo.
Obatalá, que a tudo assistia, repreendeu Apará e transformou Oiá em orixá. Decidiu que a imagem de Oiá nunca seria esquecida por Oxum. Obatalá condenou Apará a se vestir para sempre com as cores usadas por Oiá, levando nas jóias e nas armas de guerreira o mesmo metal empregado pela irmã.


Oxum é concebida por Iemanjá e Orunmilá



Um dia Orunmilá saiu de seu palácio para dar um passeio acompanhado de todo seu séqüito. Em certo ponto deparou com outro cortejo, do qual a figura principal era uma mulher muito bonita. Orunmilá ficou impressionado cm tanta beleza e mandou Exu, seu mensageiro, averiguar quer era ela. Exu apresentou-se ante a mulher com todas as reverências e falou que seu senhor, Orunmilá, gostaria de saber seu nome. Ela disse que era Iemanjá, rainha das águas e esposa de Oxalá.
Exu voltou à presença de Orunmilá e relatou tudo o que soubera da identidade da mulher. Orunmilá, então, mandou convidá-la ao seu palácio, dizendo que desejava conhecê-la. Iemanjá não atendeu o seu convite de imediato, mas um dia foi visitar Orunmilá.
Ninguém sabe ao certo o que se passou no palácio, mas o fato é que Iemanjá ficou grávida depois da visita a Orunmilá. Iemanjá deu a luz a uma linda menina. Como Iemanjá já tivera muitos filhos com seu marido, Orunmilá enviou Exu para comprovar se a criança era mesmo filha dele. Ele devia procurar sinais no corpo. Se a menina apresentasse alguma marca, mancha ou caroço na cabeça seria filha de Orunmilá e deveria ser levada para viver com ele.
Assim foi atestado, pelas macas de nascença, que a criança mais nova de Iemanjá era de Orunmilá. Foi criada pelo pai, que satisfazia todos os seus caprichos.
Por isso cresceu cheia de vontades e vaidades, o nome dessa filha é Oxum.

Osuanlê Oziki Erunpê


José Custódio Joaquim de Almeida, Príncipe de Ajudá ( -1936) segundo diversas publicações no Rio Grande do Sul que são objeto de estudos, foi um dirigente tribalafricano, exilado no Brasil, onde se tornou famoso como curandeiro e líder religioso.
Ninguém sabe como e nem em que circunstâncias, ao final do século XIX este príncipe governante deixou São João Batista de Ajudá, no Dahomey (hoje República de Benim), no passado um dos principais entrepostos de escravos para o Brasil, mas o certo é que ele partiu ante a promessa solene dos Ingleses de que o seu povo não sofreria o que haviam sofrido os grupos vizinhos ante a violência dosAlemães e Franceses.
Os portugueses, antes senhores da região, tinham se contentado com uma parte daGuiné e com as Ilhas de São Tomé e Príncipe cedendo as suas fortalezas. As condições para que o Príncipe de Ajudá não oferecesse qualquer resistência aos invasores, além do respeito à vida dos seus súditos, era a de que se exilasse e jamais voltasse aos seus domínios. E, como parte do convênio, a Grã-Bretanha se comprometia a fornecer-lhe uma subvenção mensal paga em qualquer parte do mundo onde escolhesse residir, por intermédio dos seus representantes consulares.
Por qual motivo o exilado escolheu o Brasil, não se sabe. Talvez por haver aqui grande número de descendentes dos escravos nativos da Costa da Mina - os chamados "pretos-mina" - ou outra qualquer razão. A sua chegada ao país foi assinalada como tendo acontecido em 1864, dois anos depois de ter deixado Ajudá. Inicialmente, fixou-se em Rio Grande. Mais tarde, foi para o interior de Bagé, onde ficou conhecido por manter viva a tradição religiosa do seu povo - com a prática do que agora se conhece como Batuque - além de mostrar conhecimentos das propriedades curativas da flora medicinal brasileira, atendendo a muita gente doente que o procurava, tratando de minorar-lhes os males por meio de ervas e rezas dos ritos africanos.
De Bagé mudou-se para Porto Alegre, onde chegou em 1901, com 70 anos de idade. Foi morar no atual Bairro Cidade Baixa, na Rua Lopo Gonçalves, nº 498, cujos fundos davam para a Rua dos Venezianos (hoje Joaquim Nabuco), mas logo que o Príncipe – que havia adotado o nome brasileiro de Custódio Joaquim de Almeida – ali se instalou, passou a rua a ser preferida pela gente de cor que procurava com isso acercar-se do homem que incontestavelmente, era um líder de sua raça.
O Príncipe Custódio - como então era chamado - iniciou ali uma nova etapa de sua aventurosa vida, cercando-se em Porto Alegre de um aparato digno de um verdadeiro fidalgo.
A família do príncipe de Ajudá aos poucos foi crescendo e não demorou a atingir o número de 26 pessoas, sem contar os empregados em boa quantidade.
Os fundos da casa onde morava serviam como sua coudelaria, pois possuía nada menos do que nove cavalos de raça – alguns importados da Inglaterra – os quais todos os domingos disputavam corridas. Para manter e cuidar esses animais havia um grupo selecionado de empregados, jóqueis, etc., sob a supervisão direta do Príncipe, que se classificava como "tratador".
O Príncipe Custódio tinha oito filhos, três homens e cinco mulheres (atualmente ainda estão vivos um homem – Dionísio Joaquim Almeida, funcionário aposentado daEBCT – em Porto Alegre, e duas senhoras, uma residindo no Rio de Janeiro e outra em São Paulo) e para esses oito filhos, quando pequenos, mantinha quatro empregados, um para cada dois.
Seus conhecimentos de idioma português não eram muito corretos, porém podia expressar-se fluentemente em inglês e francês, além de falar ainda vários dialetos das tribos africanas que havia governado.
As festas que promovia periodicamente em sua casa – notadamente na data de seu aniversário – duravam três dias com a casa sempre cheia de gente, da manhã à noite, quando se comia e se bebia do bom e do melhor, ao som dos tamboresafricanos que batucavam sem parar naquelas setenta e duas horas. Nesses dias, o Príncipe recebia a visita da gente mais ilustre da cidade, inclusive do presidente do Estado, Borges de Medeiros que, conhecendo a ascendência daquele homem sobre a população de cor, ia felicitá-lo, talvez mais por motivos políticos do que por outra coisa.
Naquelas festividades era certo o comparecimento de senhoras e cavalheiros da melhor sociedade porto-alegrense, além de capitães da indústria e comércio que dele precisavam o apoio para o perigo de greves e outras imposições. As mais finas bebidas eram importadas diretamente da Europa, especialmente para aquelas ocasiões especiais, embora elas nunca faltassem à mesa do príncipe exilado.
A casa do príncipe vivia sempre lotada de gente, de visitantes e de pessoas que ele encontrava nas ruas e lhe pediam auxílio. Mandava essas pessoas embarcarem na carruagem em que estivesse e as levava para a sua residência onde sempre havia lugar para mais um. Todos ali ficavam até que quisessem ir embora. Entre os que viveram muito tempo junto ao príncipe estava um branco, descendente de alemães oriundo de São Sebastião do Caí, que tinha feito estudos de Medicina e dessa maneira o auxiliava no atendimento aos doentes que continuamente o procuravam em busca dos remédios e dos "trabalhos" religiosos.
Para os rigores do inverno o Príncipe Custódio adotou o poncho gaúcho, embora não dispensasse o gorro que marcava a sua personalidade, não o deixando nem quando visitava o Palácio Piratini onde sempre era bem vindo e onde havia ordens superiores de bom atendimento, e onde ele muitas vezes usava o seu prestígio para conseguir alguma coisa que lhe fosse solicitada por qualquer membro de sua comunidade.
Durante todos os anos em que viveu em Porto Alegre – 31 ao todo – nunca manteve correspondência ostensiva com parentes ou amigos deixados em terras africanas. De lá recebia informações e daqui envia notícias suas em mãos por intermédio de marítimos que tripulavam vapores vindos à nossa metrópole transportando e levando mercadorias. Também nunca se soube o teor dessas correspondências. De incentivo ao seu povo para uma possível rebelião não era. Pois ele sabia ser isso humanamente impossível. Além disso, a Inglaterra, em todo o longo período do seu exílio, sempre cumpriu religiosamente o que fora estipulado. Mensalmente o consulado britânico local entregava-lhe um saquinho cheio de libras esterlinas, cuja troca em mil-réis servia para manter a pequena corte da Rua Lopo, a família numerosa, os agregados, os empregados, e ainda serviam àqueles que o procuravam nos momentos de aperturas financeiras.
No verão, em janeiro, o programa era conhecido. Ia todo mundo para a casa de propriedade de Custódio Joaquim de Almeida, na Praia de Cidreira. A viagem para o velho balneário era qualquer coisa de sensacional e folclórico. Embora fosse dono de carruagem e tivesse dinheiro para alugar quantas diligências quisesse, o príncipe gostava de viajar em carretas puxadas por bois na maior calma e na mais incrível lentidão. E ainda mais: a viagem era feita por etapas em ritmo de passeio, parando em muitos lugares onde ele era sempre esperado com festas e cerimônias religiosas africanas, muita comida e muita bebida, pois todos sabiam que tudo seria pago pelo viajante ilustre. Dessa maneira nunca o trajeto de Porto Alegre a Cidreiraera feito em menos de uma semana. Quando eram gastos apenas cinco dias, considerava-se um recorde de velocidade.
Com as carretas de transporte dos passageiros seguiam outras carregadas de mantimentos, inclusive muitos sacos de milho e dezenas de fardos de alfafa, aos cuidados dos empregados, pois os cavalos de corrida do príncipe também iam aos banhos de mar. Isso, ele como treinador e tratador, fazia questão fechada.
A maior festa que a Cidade Baixa já viu foi quando Príncipe Custódio completou cem anos de idade. Nesse dia muita gente "bem" foi abraçá-lo em sua casa, e ele, dando demonstração de sua vitalidade exuberante, montou a cavalo sem receber qualquer ajuda. Aliás, isto ele fez até poucos dias antes de sua morte, quatro anos depois.
No dia 26 de Maio de 1936 morreu o Príncipe Custódio aos 104 anos de existência. Seu velório e seu enterro, atendendo ao pedido expresso do morto, foi feito dentro das tradições africanas com muito batuque e muitos "trabalhos", em intenção do morto.
Com ele desapareceu uma das figuras mais impressionantes e esquisitas da nossa cidade, e muita gente ficou desamparada, pois a subvenção paga mensalmente em libras pelo governo inglês extinguiu-se com a morte do príncipe de Ajudá.