segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Oyá transforma-se num búfalo


Ogum caçava na floresta quando avistou um búfalo, ficou na espreita, pronto para abater a fera, qual foi sua surpresa ao ver que, de repente, de sob a pele do búfalo saiu uma mulher linda, era Oiá. E não se deu conta de estar sendo observada.
Ela escondeu a pele de búfalo e caminhou para o mercado da cidade. Tendo visto tudo, Ogum aproveitou e roubou a pele, então escondeu a pele de Oiá num quarto de sua casa, depois foi ao mercado ao encontro da bela mulher. Estonteado por sua beleza, Ogum cortejou Oiá.
Pediu-a em casamento, ela não respondeu e seguiu para floresta, mas lá chegando não encontrou a pele, voltou ao mercado e encontrou Ogum, ele esperava por ela, mas fingiu nada saber.
Negou haver roubado o que quer que fosse de Iansã, de novo, apaixonado, pediu Oiá em casamento, Oiá, astuta, concordou em se casar e foi viver com Ogum em sua casa, mas fez as suas exigências: ninguém na casa poderia referir-se a ela fazendo qualquer alusão a seu lado animal. Nem se poderia usar a casca do dendê para fazer o fogo, nem rolar o pilão pelo chão da casa.
Ogum ouviu seus apelos e expôs aos familiares as condições para todos conviverem em paz com sua nova esposa. A vida no lar entrou na rotina. Oiá teve nove filhos e por isso era chamada Iansã, a mãe dos nove.
Mas nunca deixou de procurar a pele de búfalo, as outras mulheres de Ogum cada vez mais sentiam-se enciumadas, quando Ogum saía para caçar e cultivar o campo, elas planejavam uma forma de descobrir o segredo da origem de Iansã.
Assim, uma delas embriagou Ogum e este revelou o mistério, e na ausência de Ogum, as mulheres passam a cantarolar coisas, coisas que sugeriam o esconderijo da pele de Oiá e coisas que aludiam ao seu lado animal.
Um dia, estando sozinha em casa, Iansã procurou em cada quarto, até que encontrou sua pele, ela vestiu a pele e esperou que as mulheres retornassem. E então saiu bufando, dando chifradas em todas, abrindo-lhes a barriga.
Somente seus nove filhos foram poupados, e eles, desesperados, clamavam por sua benevolência. O búfalo acalmou-se, os consolou e depois partiu. Antes, porém, deixou com os filhos o seu par de chifres.
Num momento de perigo ou de necessidade, seus filhos deveriam esfregar um dos chifres no outro, e Iansã, estivesse onde estivesse, viria rápida como um raio em seu socorro.

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